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A\R\L\S\ Cavaleiros da Arte Real nº 3245

A\M\ Paulo Roberto Lunardon

Agosto de 2001

Curitiba, Pr, Brasil



A CÂMARA DE REFLEXÕES


A primeira e a mais relevante cerimônia na vida de um maçom, é a iniciação. Verdadeiro batismo maçônico, esta cerimônia destina-se a admitir um profano no seio da Ordem, fazendo-lhe ver a Luz.

Na chamada câmara das reflexões, pequena e escura, símbolo da Terra e da Morte, o candidato assina um compromisso de honra, responde pôr escrito a um questionário sobre os deveres de todo o homem e redige uma pequena declaração de princípios de natureza moral, filosófica ou política, o chamado testamento.

A decoração da Câmara varia de, rito para rito;



O candidato é introduzido, na Câmara pelo 1º Exp\que se apresenta sem insígnias e, se possível, com capuz levando-se em consideração que o profano, não estará vendado.


No interior da Câmara, há uma mesa sobre a qual se encontram um foco de luz (geralmente um castiçal, com uma vela acesa), uma ampulheta, relógio de areia, que é o símbolo do tempo o qual deve chamar a atenção para a efemeridade da vida humana, que, pôr isso mesmo, deve ser, sempre, aproveitada ao máximo, para concretizar as grandes obras do espírito humano.



Um esqueleto humano, ou, pelo menos, um crânio. O esqueleto, ou o crânio humano reforça, simplesmente, o simbolismo sugerido pela ampulheta, ou seja, representa a morte, como coisa inexorável, lembrando a brevidade da vida humana, diante da eternidade.



Um pedaço de pão e uma jarra de água. O pão, de trigo, é considerado como o alimento do corpo, desde as mais remotas épocas, já que o trigo é símbolo da fertilidade da Terra, fecundada pelo sol. A água, como símbolo da purificação é considerada como o alimento do espírito.



Sal, enxofre e mercúrio. O sal, o enxofre e o mercúrio, aí se encontram por influência da alquimia que é bem grande, na Maçonaria.


Um dos maiores alquimistas de todos os tempos, Jabir Ibn Hayyan (721-813), conhecido, na Europa, como Geber, aceitava a teoria aristotélica dos quatro elementos, acrescentando, todavia, dois outros elementos essenciais: o mercúrio e o enxofre os quais explicavam certas propriedades dos metais; um terceiro elemento, o sal, foi, posteriormente incluído, formando, com os outros dois, o trio fundamental (triaprima) de Paracelso e de seus discípulos, no século XVI.


A alquimia prática, precursora da química, era caracterizada pela busca de duas substâncias; a pedra filosofal, capaz de transformar todas as coisas em ouro, e o elixir da longa vida, capaz de manter os homens eternamente jovens. Para Geber, todos os metais seriam formados, apenas, de enxofre e mercúrio, sendo que, desses elementos, deveriam ser extraídas as essências, que transformariam todos os metais “em ouro mais puro do que o das minas”; o ouro, além de ser o princípio concreto da força, que serve para comprar a glória e a felicidade material, é, também, o símbolo do Sol, da Luz, do poder criativo, da revelação Divina.


A alquimia é, na realidade, tratada sob três aspectos distintos, os quais admitem diversas interpretações diferentes: o cósmico, o humano e o terrestre; esses três aspectos eram típicos, sob as três propriedades alquímicas: o mercúrio, o sal e o enxofre, que são os três princípios da Grande Obra (a Obra do Sol: transmutação dos metais em ouro). No aspecto terrestre, ou meramente material da alquimia, o objetivo é transmutar os metais grosseiros em ouro puro, já que é indiscutível que, na natureza, ocorre a transmutação de metais inferiores em outros melhorados.


Existe, entretanto, um outro aspecto muito mais místico e, até, transcendental, de pura natureza psíquica ou espiritual, que é o aspecto ocultista, ou místico, da alquimia.


A alquimia ocultista despreza o ouro terrestre, material, e dirige todos os seus esforços para a transmutação do quaternário inferior em ternário divino superior ao homem, os quais, quando se unem, acabam constituindo um só. Os planos da existência, humana, espiritual, mental, psíquico e físico, comparam-se, na alquimia mística, aos quatro elementos da teoria de Aristóteles (fogo, ar, terra e água).


A Grande Obra, para a alquimia mística consistia no constante renascer, para que o iniciado percorresse o caminho do aperfeiçoamento e do conhecimento, até chegar à comunhão com a divindade, conceito, esse, muito semelhante aos do hiduísmo e aos da doutrina de revelação do mitraísmo. Assim, os metais inferiores simbolizam os vícios e as paixões humanas, que devem ser combatidos e transformados no ouro do espírito, que é o objetivo da Obra do Sol.


A química moderna deve aos seus melhores descobrimentos à alquimia prática, a partir de Paracelso (Teophrastus Bombastus von Honenheim, médico e alquimista suíço - 1493 - 1541), o qual afirmava que “apenas os idiotas pensam que a alquimia é o conhecimento de como obter ouro; o objetivo da alquimia é procurar descobrir novos remédios”.


Os trabalhos alquímicos produziram inúmeras descobertas, às quais deve, a humanidade, o seu atual progresso. Muitos dos descobrimentos tidos como exclusivamente moderno, já eram conhecidos pelos magos e alquimistas de tempos bem remotos: os sacerdotes etruscos, adeptos da magia, conheciam bem a eletricidade e fizeram uso dela para a defesa de cidade; o arquiteto e alquimista Anselmo de Tralle já conhecia os efeitos do vapor, enquanto que o monge alquimista, Pauselenas, fala, em suas obras, sobre a aplicação da química nas fotografias, e afirma que outores jônicos falam desse mesmo processo, assim como de câmara escura, sensibilidade de placas e aparelhos ópticos.


Com a união, a partir do século XIII, dos alquimistas, com os cabalistas, hermetistas e adeptos da magia, surgiram diversas seitas e grupos secretos, como o dos Adeptos e dos eliminados que posteriormente como aceitos (elementos não ligados à arte de construir), incorporaram-se às associações operativas, levando para a nascente Franco-maçonaria, dita “especulativa”, os seus conceitos, idéias e símbolos.


Dos muitos símbolos alquímicos conservados pela Maçonaria, um deles é, exatamente, representado pelas três substâncias necessárias à Grande Obra, ou seja, o sal, o enxofre e o mercúrio, para lembrar ao candidato, que ele deve percorrer o caminho do conhecimento, para chegar ao aperfeiçoamento moral e espiritual, que é a Grande Obra da vida.


Outra influência alquímica, ligada à Iniciação, são as provas (da terra, do ar, da água e do fogo), que alguns ritos apresentam, relembrando os quatro elementos fundamentais, dos ensinamentos de Aristóteles; duas taças, sendo uma com líquido doce e outra líquido amargo.


No verdadeiro e original rito Escocês, as taças contendo os líquidos amargo e doce, ficam na Câmara de Reflexão, representando, como todos os demais símbolos maçônicos, os opostos, tão freqüentes na vida humana e que determinam a própria evolução espiritual do homem: o bem e o mal, o vício e a virtude, o espírito e a matéria, etc.; simbolizam, também, a boa e a má sorte e mostram que aqueles que se afastam do Bem, à procura da efêmera doçura dos prazeres dos vícios, terão, depois, que suportar o amargor provocado por suas atitudes.


Nas paredes encontram-se pinturas e frases: um galo em posição de canto (cabeça levantada, bico aberto e asas ligeiramente abertas), sobre as palavras Vigilância e Perseverança. A figura do galo cantando simboliza, realmente, a vigilância, mas é, também, e principalmente, a representação esotérica do despertar da consciência e da ressurreição do candidato, que devendo morrer para a vida “profana”, ressurge num plano mais elevado de espiritualidade (analogia com o raiar de um novo dia, que é saudado pelo canto do galo); a representação da Morte, munida de alfanje, encimando a inscrição, “Lembra-te, homem, que és pó e ao pó retornarás”; e, finalmente, os seguintes conselhos ao candidato:

“Se tens medo, não vás adiante”.

“Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te”.

“Se fores dissimulado, serás descoberto”.

“Se queres empregar bem a tua vida, pensa na morte”.

“Se tens apego às distinções mundanas, vai-te, pois nós não as reconhecemos”.

“Se temes que os teus defeitos sejam descobertos, não estarás bem entre nós”.



O candidato é também introduzido pelo 1º Exp\ e a Câmara, nesse rito, é bastante simples: possui uma cadeira e uma mesa, tendo, sobre esta, um foco de luz, material de escrita, um crânio, uma ampulheta e uma campainha (que deve ser tocada pelo profano, depois de preencher os papéis necessários). Nas paredes encontram-se as mesmas frases de advertência, utilizadas no Rito Escocês.



Da mesma maneira que nos dois ritos anteriores, aqui é também o 1º Exp\ que introduz o candidato na Câmara. Esta possui uma cadeira e uma mesa, sobre a qual se encontram: um foco de luz, material de escrita, um crânio, água, pão, sal, enxofre e mercúrio (todos com mesmo significado simbólico do rito Escocês), além de uma campainha.


Nas paredes encontra-se a figura do galo cantando, tendo, sob si as palavras: Vigilância e Perseverança, além das frases de advertência utilizadas nos ritos Escocês e Moderno.



Aqui, é também o 1º Exp\ que conduz o candidato à Câmara, a qual contém, sobre a mesa, uma ampulheta, material para escrita, uma campainha e um crânio (caso não haja todo um esqueleto, seria o mais correto). A ampulheta pode, também, ser representada na forma de pintura, na parede a palavra Perseverança.


Na parede, também, é encontrado o galo e, sob ele, a palavra Vigilância, além das inscrições contendo as advertências. Poderá existir, também, na Câmara, um impresso contendo as explicações sobre as finalidades da Maçonaria.


O candidato é conduzido à Câmara e preparado por um Ir.\ especialmente designado, chamado Ir\ Preparador.


No York, havendo a Câmara, ela será extremamente simples, contendo, apenas, material de escrita, uma campainha, um crânio e as frases de advertência.


No Rito Schoeder existem duas Câmaras: uma Sala de Preparação, muito simples, com uma cadeira, uma mesa com material para escrita e um quadro com frases de advertência; e a Câmara Escura, revestida de negro, onde sobre a mesa, encontram-se material de escrita, uma vela no castiçal, uma campainha e um crânio, havendo, ainda, um painel, com as seguintes frases:


“Honra a Verdade, pois cada julgamento injusto é uma confissão deprimente da tua própria indignidade”.


“Adquire a força de vontade necessária para que te tornes cuidadoso e consciencioso em tuas ações e palavras”.


“Seja ativo, por necessidade íntima e por um sentimento de dever, mesmo que não tenhas a segurança de uma recompensa material”.


Bibliografia

Ir.´. Francisco Ricardo C. Nogueira, Barra Mansa,Rio de Janeiro; Grémio Fénix LISBOA; Castellani, José Liturgia e Ritualística Do Grau de Aprendiz Maçom, Nos Ritos: Escocês Antigo e Aceito, Moderno, Adoniramita, Brasileiro, York e Schoeder; A Gazeta Maçônica 1987; The Grand Lodge of Texas Information Center; Masonic Lodges in Clinton County, – articles; Gavel Lodge Marion County – library.